Resenha: "O pai e sua função em psicanálise" de Joel Dör
O Pai simbólico, figuração da Lei e instrumento estruturante do psiquismo, está distante da concepção usual de pai. Este, na análise de Dör é dito como Pai real, o pai genitor. Ele é a figura real responsável pela representação simbólica da entidade paterna. “Nenhum pai, na realidade, é detentor e, a fortiori, fundador da função simbólica que representa. Ele é o seu vetor.” (p.15). E para desempenhar este papel de representação é necessário que o Pai real manipule adequadamente a linguagem do desejo que está em jogo.
O falo constitui o elemento regulador do desejo a que estão sujeitos os personagens da “triangulação edipiana”. “Só este quarto elemento [o falo] constitui o parâmetro fundador suscetível de inferir a investidura do Pai simbólico a partir do Pai real, pela via do Pai imaginário.” (p. 17).
A simbologia da função paterna como referencial da lei permanece estruturante mesmo na ausência do Pai real, pois ela pode ser sustentada por outro mediador, ocupando o lugar em evidência de objeto fálico. Não é necessária a existência de um homem genitor para haver o pai do qual falamos. Tal função do pai simbólico assume o caráter do significante, enquanto mediador no complexo de Édipo. É “como se o pai com que lidamos nada mais fosse que uma pura metáfora.” (p. 20).
Ao delinear os aspectos da representação simbólica do pai, Dör vai buscar no mito simbólico de pai primitivo as referências iniciais deste conceito. Analisar os aspectos naturais e culturais na formação do homem para compreender os fundamentos da proibição do incesto, o emblema da lei representada pelo pai simbólico.
Depois de discorrer sobre pontos conceituais de Rousseau e Lévi-Strauss sobre homem natural e homem cultural, Joel Dör conclui que, “em resumo, a cultura é, pois, gerada pela expressão de uma falta. Porque o natural no homem é isomorfo à