PENSAMENTOS E ID IAS
Autor: Anaxsuell Fernando da Silva
E o grande meio-dia será quando o homem se achar na metade de sua trajetória entre o animal e o super-homem e festejar seu caminho para a noite como a sua mais alta esperança.
Friedrich Nietzsche
INTRODUÇÃO
No ímpeto de fornecer pistas para caracterizar um clássico, Ítalo Calvino afirma que são dignos dessa insígnia livros que exercem uma influência particular na medida em que este se impõe como inesquecível, assim como, quando se ocultam nas dobras da memória, “mimetizando-se no inconsciente coletivo ou individual” (Calvino, 1993, p. 11). Não tenho dúvidas que tais atributos servem como parâmetros avaliativos para outras produções humanas, de modo específico, para o cinema.
Da água disputada pelos macacos à morte aperfeiçoada, 2001: Uma Odisséia no Espaço, pode ser considerado um clássico da filmografia mundial por ser um dos mais influentes filmes do século XX, e por continuar a nos interpelar e desafiar sobre as mais variadas questões do nosso tempo. Stanley Kubrick, seguidas vezes, definiu o filme como “uma experiência não-verbal [...] que fosse além de categorizações verbalizadas e penetrasse diretamente o subconsciente com um conteúdo emocional e filosófico”. Ele conseguiu.
A obra 2001: Uma Odisséia no Espaço é considerada a mais elaborada experiência audiovisual de um dos mais brilhantes cineastas dos séculos XX e XXI. O filme vai além da dimensão meramente narrativa, transcende-a pela sua ambigüidade essencial. A rigor 2001 desenvolveu um apelo sensorial mais próprio da produção da era muda. Menos de 1/3 do filme apresenta diálogos, o restante não é silêncio. Kubrick faz suas imagens interagirem com uma riquíssima trilha de ruídos e uma precisa escolha de repertórios clássicos. Cada seqüência encanta por si própria, além do sentido imediato que acrescenta à progressão do enredo.
O FILME
2001: Uma Odisséia no Espaço estreou nos Estados Unidos da América (EUA) na