LACAN E O ÉDIPO FREUDIANO
Alejandro Luis Viviani1
Vou tentar transmitir-lhes uma síntese com o risco de imprecisão que isso implica e, em parte, uma reprodução do que Lacan diz sobre o Complexo de Édipo nesse retorno que faz à obra freudiana.
É a clínica, a clínica freudiana, que descobre a existência do inconsciente. A problemática edípica, aquilo que surge cada vez que começamos a análise do inconsciente, é o que encontramos como núcleo das neuroses. O Édipo é a própria constituição do sujeito em sua palavra, que em relação a um terceiro produz sua significação. Há uma trajetória marcada pela descoberta freudiana. Não há outra maneira de ler a teorização de Lacan sobre o Édipo senão fazendo a trajetória de Freud. É sobre o
Édipo freudiano que Lacan tenta precisar o que ele chama função paterna e, para isso, ordena o Complexo de Édipo em três tempos. O Complexo de Édipo é um nó de relações dos fantasmas originários (Urphantasien). Fantasma de sedução2, castração e cena originária (coito parental). Nesses fantasmas encontramos tentativas de solução desses enigmas que surgem para as crianças e que são os enigmas sobre sua sexualidade (fantasma de sedução), sobre a diferença sexual (fantasma de castração) e sobre sua origem (cena originária). Esses fantasmas são a encenação da posição do sujeito no discurso em relação ao objeto de seu desejo. Todo o Complexo de Édipo não é somente a relação do filho com seus pais, há uma pré-história, uma história anterior a ele que é a história dos desejos materno e paterno.
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Higienópolis. São Paulo. Brasil
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Ver cartas 52 (6/12/1896) e 69 (21/9/1897) a W. Fliess.
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Teríamos que recordar algumas considerações freudianas sobre a sexualidade feminina, isto é, esse ser que nasce bissexual e pode chegar ou não, dependendo das vicissitudes de seu Édipo, a ser uma mulher feminina.
Freud diz que toda