O nome do pai
Os primeiros passos do Nome-do-Pai.
(1951-1957)
Sigmund Freud, ao inventar a Psicanálise, fez da função paterna um fenômeno essencial e estruturante do psiquismo. Descreveu o Complexo de Édipo com a presença de um pai potente que representa a lei, possibilita a identificação e abre caminho para o desejo intervindo na relação dual mãe-filho, privando a mãe de seu objeto e colocando um limite no gozo desmedido, retirando então, seu filho da posição de assujeitamento ao desejo caprichoso da mãe. De proibidor e privador, o pai correspondente à finalização do Complexo de Édipo passa a ser permissivo e doador, porque permite à criança encontrar nele o seu ideal, provocando no menino a identificação e, do lado feminino, marcando o lugar onde a mulher sabe que poderá buscar o falo. O pai edipiano é da ordem do discurso, um significante de valor que, quando mediado pela palavra da mãe, torna-se um Grande Outro com a função de garantir o sentido, orientar o gozo e apaziguar o sujeito. Ele marca a passagem da natureza para a cultura, do animal para o humano. Ao construir o Complexo de Édipo, Freud criou um lugar de alteridade que oferecia um “modo para todos”, um pai soberano, ideal, um grande Outro da linguagem, adaptador e pacificador que Jacques Lacan denominou, mais tarde de o Nome-do-Pai. Tal como o Deus da religião, o mito freudiano de Édipo se sustenta num ato de fé. Descreve um pai universal que diz não ao gozo do filho, como preço a ser pago para se chegar ao amor. Garantidor da boa-fé, oferece normas e reconhecimento, ou seja, uma identificação única aos valores tradicionais. A clínica Freudiana ou Estrutural descreve três tipos de estruturas psíquicas possíveis (psicose, neurose e perversão), em função da ocorrência ou não do Complexo de Édipo. Para quem do Nome-do-Pai carece, há um encontro com um grande Outro vazio, sem referência, numa ausência de recursos que possam mediar e organizar a invasão no sujeito de um