os caminhos da pesquisa
Alguém que adote uma concepção tradicional da ciência, diante da diversidade das técnicas, pode ser tentado a hierarquiza-las segundo sua capacidade de acessar o que de fato acontece. Por exemplo, alguém pode criticar o uso da entrevista, pois o entrevistado pode furtar-se a responder verdadeiramente, escondendo-se por trás de formas de racionalização, de tal modo que suas respostas salvaguardam o que ele (o entrevistado) julga ser conveniente. Assim, a entrevista não seria capaz de por si só garantir um conhecimento válido. O equívoco desta crítica é a imagem que alguma outra técnica poderia assegurar tal acesso à realidade.
No texto Ciência, metodologia e trabalho científico apresentamos uma crítica a esta visão tradicional da ciência. Na visão de ciência que sustentamos, não é possível avaliar a adequação de uma técnica de pesquisa ou de análise pensando na sua capacidade de acessar a realidade tal como ela é. Ou seja, nesta perspectiva não faz sentido escolher apenas analisar documentos ao invés de entrevistar sujeitos que participaram do processo político em questão sob a alegação de que a entrevista seria menos capaz de acessar a realidade do que a análise dos documentos (ou o inverso). Isto porque consideramos que esta ideia de correspondência à realidade deveria ser completamente abandonada. Ao invés dela, pensamos que para escolher uma técnica de