Os botoes de napoleao Penny Le Couteur e Jay Burreson
BURRESON
OS BOTÕES de
NAPOLEÃO
AS 17 MOLÉCULAS QUE
MUDARAM A HISTÓRIA
Tradução:
Maria Luiza X. de A. Borges
Para nossas famílias
Sumário
Introdução
1 Pimenta, noz-moscada e cravoda-índia
2 Ácido ascórbico
3 Glicose
4 Celulose
5 Compostos nitrados
6 Seda e nylon
7 Fenol
8
9
10
11
Isopreno
Corantes
Remédios milagrosos
A pílula
12
13
14
15
16
17
Moléculas de bruxaria
Morfina, nicotina e cafeína
Ácido oleico
Sal
Compostos clorocarbônicos
Moléculas versus malária
Epílogo
Agradecimentos
Créditos das imagens
Bibliografia selecionada
Índice remissivo
Introdução
Por falta de um cravo, perdeuse a ferradura. Por falta de uma ferradura, perdeuse o cavalo. Por falta de um cavalo, perdeuse o cavaleiro. Por falta de um cavaleiro, perdeuse a batalha. Por falta de uma batalha, perdeuse o reino. Tudo por
causa de um prego para ferradura.
Antigo poema infantil inglês1
Em junho de 1812, o exército de
Napoleão reunia 600 mil homens.
No início de dezembro, contudo, a antes orgulhosa Grande Armada contava menos de dez mil. O que restava das forças do imperador, em andrajos, havia cruzado o rio
Berezina, perto de Borisov no oeste da Rússia, na longa marcha que se seguiu à retirada de Moscou. Os
soldados remanescentes enfrentaram fome, doença e um frio paralisante — os mesmos inimigos que, tanto quanto o exército russo, haviam derrubado seus camaradas.
Outros
mais morreriam, malvestidos e mal equipados para sobreviver ao frio acerbo de um inverno russo.
O fato de Napoleão ter batido em retirada de
Moscou
teve consequências de longo alcance sobre o mapa da Europa. Em 1812,
90% da população russa consistiam de servos, bens à mercê de proprietários de terras, que os podiam comprar, vender ou
negociar a seu talante, em uma situação mais próxima da escravatura do que jamais fora a servidão na Europa Ocidental. Os princípios e ideais da Revolução
Francesa de 1789-99 haviam acompanhado o exército conquistador de Napoleão, demolindo a ordem