Ong presídio
No primeiro dia em que estivemos na oficina o “grupo“ não nos deu abertura alguma. Até o segundo dia fomos tratados somente com cordialidade, sem nenhuma intimidade e nem chamar pelo nome, até porque elas não viam motivos em nos chamar. Já nos dois primeiros dias observamos como a realidade delas é diferente da que nós vivemos. Na oficina, atualidades não são ditas ou discutidas, nem mesmo quando nós tentávamos incluir algum assunto, qualquer que fosse.
O que mais se é falado lá dentro são fofocas; sobre a vida de cada uma, ou o que se passa na prisão quando elas estão lá; quem brigou com quem. Por esse motivo a inclusão se tornou mais difícil. Por não haver assuntos em comum.
Na hora do almoço, elas se arrumam e se maqueiam como se fossem a uma festa, e paqueram bastante durante a refeição. Algumas se envolvem com os rapazes, já que elas frequentam sempre o mesmo restaurante, e esses não sabem de sua condição. Mas nos pareceu ser sempre casos pequenos, até porque muitas delas namoram homens de outros presídios. Lá, elas nos contaram que os presídios promovem encontros, então elas trocam cartas e eventualmente encontram com o “namorado“, algumas mantem relações sérias através desse sistema.
No terceiro dia, quando elas direcionavam assuntos para nós, resolvemos fazer um teste onde cada um se portava de um jeito. Um resolveu tomar partido, por exemplo, quando elas falavam mal de alguma outra pessoa se concordava totalmente, assim elas se sentiriam apoiadas e consequentemente incluiriam a pessoa no grupo; o outro seria imparcial, não faria nenhum comentário que pudesse defender algum lado, assim imaginamos que essa pessoa não se incluiria no grupo.
Já ao final do terceiro dia, percebemos que a afinidade com o primeiro era muito maior que com o segundo.
No quinto