Oitava Carta - Professora SIm, Tia Não - Paulo Freire
Referência: Professora sim, tia não – Cartas a quem ousa ensinar - p.63-67, 1997 – Olho D`água –FREIRE, Paulo. Devemos sempre nos perguntar sobre a relação entre a identidade cultural e a prática educativa. A identidade dos sujeitos está ligada às questões de currículo (oculto ou explícito), de ensino e de aprendizagem. Ao discutir a identidade de educador e educando não podemos deixar que a identidade cultural esgote completamente o conceito de identidade. “Somos a relação dinâmica do que herdamos e do que adquirimos.” (p. 63). Diz Jacob, Currier de L`UNESCO, février, 1991 que “Nós somos programados, mas para aprender.” Com a invenção social da linguagem, colocamos para nós o processo de aprender e buscar conhecimento para vivermos sempre em função do amanhã. A esse conceito de aprender e buscar une-se ensinar e conhecer sem desprezar a liberdade que temos dentro de nós para buscarmos formas de mudar o mundo em que vivemos e fazer dessa liberdade um processo e não um ponto de chegada. Não deixemos de viver mergulhando a nossa liberdade no fato de que “cada ser contém, em seus cromossomos, todo o seu próprio futuro”, segundo Jacob. Temos a possibilidade de mudarmos o futuro através destes conceitos. Não somos apenas o que herdamos (inato) ou o adquirido. Somos o resultado dessa relação contraditória. A liberdade para criar, se aventurar, se arriscar, experimentar, tem muito a ver com essa relação. Nossa liberdade é constantemente podada pelas estruturas sociais. Para superarmos essa herança devemos caminhar transformando o mundo material e suas estruturas através de um esforço crítico-educativo. Essas heranças devem ser tratadas com respeito e reconhecimento. Não significa que devamos aceitá-las mas, sim, pelo fato da nossa identidade ter sido constituída através dessas heranças. Praticando as diferenças nos descobrimos iguais ao outro. Temos uma forte tendência