nos que por aqui estamos por vos esperamos
Um filme que fala de memória e, portanto, de identidade. Um filme que mostra que somos todos plateia e atores; que a história do mundo é feita das histórias dos outros e da nossa própria história; que “o ser humano só existe com os outros” (como dizia Paulo Freire) e que, por outro lado, o coletivo só faz sentido quando cada pessoa tem a sua individualidade. Um filme que fala de diversidade, diferença e alteridade, e das consequências da intolerância e indiferença de seres humanos diante de outros seres humanos. Uma obra que fala de relações de poder – de tiranos, dominados, líderes, e inocentes, traçando um panorama de identidades e diferenças cultural, social e economicamente estabelecidas durante toda uma época – o breve século XX.
Trabalhando imagens em preto e branco, ou envelhecido, tendo como pano de fundo uma trilha sonora belíssima e comovente – por vezes nostálgica e melancólica – exibe a vida como um poema visual, sem diálogos. Alguns poucos textos curtos aparecem escritos na tela de quando em vez, como palavras determinantes, identificadoras, importantes para conferir sentido e ampliar em muito a força das imagens. O modo de apresentação das cenas (imagens superpostas que vão se sucedendo num piscar de olhos, com música ao fundo) reforça a ideia de brevidade e confere um caráter onírico à vida, transmitindo a sensação do quanto passamos rápido por este mundo – como se fosse um sonho –, ao mesmo tempo em que concede um aspecto sagrado às coisas cotidianas: trabalho, arte, lazer e morte.
Tecendo um discurso onde a dualidade criação-destruição e as pulsões de vida e morte dialogam o tempo todo para, enfim, afirmar, reafirmar e confirmar a finitude da condição humana (enquanto presença e permanência material de um corpo físico neste planeta), o filme declara e exibe essa condição como parte inerente da vida e em diversas versões, deixando claro que, independentemente de nossa classe social, etnia, sexo,