Nós que aqui estamos por vós esperamos
Professora Kátia Biehl
NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS
Felipe Eduardo Schafer Figueredo
2008/1
O filme de Marcelo Masagão é feito de imagens e cenas coladas. Sem diálogo ou narrativa ele nos conduz por episódios que ocorreram no Século XX nas partes mais remotas e ao mesmo tempo mais próximas de nossa casa. Cheio de personagens reais, alguns humildes e desconhecidos como Antônio; outros ícones, quase divinos, como Vaslav Nijinski. O que Antônio ou sua existência nos trouxe? Talvez os gramas de ouro que ele garimpou estejam em sua aliança matrimonial ou no Rolex favorito de Bill Gates. Quem sabe? Qual a real influência de Nijinski? Talvez eu não arriscasse movimentos que me fazem parecer um avestruz bêbado na pista de dança. Talvez Madonna, sem sua influência, não tivesse obtido tanto sucesso com sua mistura de sexo e dança. Quem sabe? Quem sabe por que Adolf Hitler é odiado por ter matado 6 milhões de pessoas que ele qualificava como sub-raça, enquanto Joseph Stalin é admirado, se ele matou 18 milhões de pessoas que ele chamava de camaradas? Lembranças e perguntas; creio que sejam essas as reações mais freqüentes provocadas por “Nós que aqui estamos por vós aguardamos.” Como seres sociais, ele nos faz lembrar de como e porque estamos aqui. E ao mesmo tempo consegue nos indagar: quando e onde falhamos? Mesmo que eu não tenha ficado chocado com nenhuma cena ou imagem, não há como ficar indiferente a tudo aquilo, que na verdade é apenas uma parte pequena, embora muito intensa, de nossa história. Agora devo me despir de toda a modéstia que possuo e perguntar: será que sou algum tipo de gênio, possuo algum dom divino ou a esmagadora maioria dos seres humanos é néscia posando de douta? Como podemos renegar o que fomos, ignorar o que somos e imaginar sermos algo divino, se muito pouco, em termos de comportamento, nos diferenciamos de nossos ancestrais símios? Olhamos