Norma culta brasileira- desatando alguns nós
Introdução
Na pratica pedagógica tradicional, ensinar gramática e ensinar português sempre foram expressões sinônimas. Com o desprestigio acadêmico da gramática, passou a ser
“politicamente incorreto”dizer que se ensinava gramática.
Como o ensino de português não se alterou substancialmente, foi preciso enfrentar a depreciação semântica do termo gramática e encontrar um novo nome. A expressão norma culta caiu como uma luva e passou a ser usada em substituição ao termo gramática. Assim foi possível se referir aos mesmos conteúdos com outro nome.
Por outro lado a crítica à norma padrão provocou um debate acalorado. Alguns entenderam que se estava propondo o abandono a toda e qualquer preocupação normativa, quando na verdade não fazia isto. Apenas questionava os preceitos normativos descolados da realidade brasileira e cultivados por uma rígida e anacrónica tradição pseudopurista chamada de norma curta.
A expressão norma culta passou a ser usada para designar o conjunto dos processo da velha tradição excessivamente conservadora e pseudopurista. EM nome dessa norma se assevera categoricamente o que imagina ser certo ou errado.
Também a expressão norma culta passou a ser usada como equivalente da expressão escrita. No entanto a expressão escrita é uma prática que envolve mais que apenas o uso desta variedade da língua.
Assim o uso inflacionado da expressão norma culta pouco ou nada tem contribuído para fazermos avançar nossa cultura linguistica.
Afinado os conceitos
Nenhuma língua é uma realidade unitária homogênea. Uma língua é constituída por um conjunto de variedade. Não existe língua de um lado lado e variedade de outro, a língua é o próprio conjunto das variedades.
Língua é uma entidade cultural e política e não propriamente uma entidade linguistica. Não ha uma descrição de língua por critérios puramente linguistas (William D.
Whitney: uma língua não se define: só é possível mostrá-la e