Nietzsche e Foucault
Ao longo deste ciclo de estudos a moral será submetida a uma análise rigorosa e exploraremos possíveis relações dela com as estruturas de poder da sociedade. Para explorar o problema, Nietzsche (filósofo alemão do séc. XIX) e Foucault (filósofo francês do século XX) nos ajudarão.
É sabido que a concepção de ser humano e de vida do ocidente foi construída pela Filosofia e pelo Cristianismo. A concepção filosófica estabeleceu que o conhecimento racional é superior ao conhecimento vindo dos sentidos. A razão, nesse sentido, é o instrumento de justificação de todo conhecimento. O Cristianismo, por outro lado, ressaltou a superioridade do mundo espiritual em prejuízo da razão, criando novos sentidos e valores. Apesar dessas diferenças, ambas as concepções apresentam um valor de verdade, o qual tem a pretensão de conhecer o sentido da existência humana na sua totalidade.
Nietzsche (1844-1900) nega a superioridade tanto da razão, quanto dos valores cristãos, desconstruindo a ideia de verdade, assim como a ideia de moral. Para Nietzsche, não há uma verdade, pois existem diferentes perspectivas de análise do mundo. Consequentemente, os valores absolutos foram criados com o objetivo de dificultar o fortalecimento do homem.
Foucault (1926-1984), um dos intelectuais mais polêmicos do pensamento francês do século XX, marca decisivamente o pensamento contemporâneo, não somente na filosofia, mas também nas ciências humanas, na psicologia e nas ciências políticas. No início dos anos 70, Foucault analisa as relações entre saber e poder. Segundo ele, o problema é não só teórico, mas também histórico e metodológico: é necessário ver como este poder se exerce sobre cada indivíduo e sobre o coletivo, convertendo-se em um controle que fabrica indivíduos e impõe a todos um determinado modo de ser. Foucault ressalta como um corpo sofre vigilância e punição ao longo da história moderna e se questiona se é possível a constituição do sujeito