Neurose e Psicose - Volume XIX Freud
Sigmund Freud (1856 - 1939)
Em trabalho recentemente publicado, O Ego e o Id (1923b), propus uma diferenciação do aparelho psíquico. (...) a origem e papel do superego, por exemplo — bastante coisa permanece obscura e não elucidada. Pode-se esperar que uma hipótese desse tipo se mostre útil também em outras direções, quanto mais não seja capacitando-nos a ver o que já conhecemos desde outro ângulo, Tal aplicação da hipótese também poderia trazer consigo um retorno proveitoso da cinzenta teoria para o verde perpétuo da experiência. (...) ocorreu-me agora uma fórmula simples que trata com aquilo que talvez seja a mais importante diferença genética entre uma neurose e uma psicose: a neurose é o resultado de um conflito entre o ego e o id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o ego e o mundo externo.
Nossas análises demonstram todas que as neuroses transferenciais se originam de recuar-se o ego a aceitar um poderoso impulso instintual do id ou a ajudá-lo a encontrar um escoador ou motor, ou de o ego proibir àquele impulso o objeto a que visa. (...) O ego se defende contra o impulso instintual mediante o mecanismo da repressão. O material reprimido luta contra esse destino. Cria para si próprio, uma representação substitutiva (que se impõe ao ego mediante uma conciliação) — o sintoma. O ego descobre a sua unidade ameaçada e prejudicada por esse intruso e continua a lutar contra o sintoma, tudo isso produz o quadro de uma neurose. Não é contradição que, no fundo o ego esteja seguindo as ordens do superego, ordens que, se originam de influências do mundo externo que encontraram representação no superego. (...) O ego tomou o partido dessas forças, nele as exigências delas têm mais força que as exigências instintuais do id, e que o ego é a força que põe a repressão em movimento contra a parte do id interessada e fortifica (...) O ego entrou em conflito com o id, a serviço