Narrativa

NOTAS DE MODELOS DA NARRATIVA
“Existe entre a actividade de contar uma história e o carácter temporal da experiência humana, uma correlação que não é puramente acidental mas apresenta uma forma da necessidade transcultural, ou seja que atravessa todas as culturas” Narrar deriva da expressão em latim narrare que derivou da palavra em sânscrito Gnarus que significa conhecimento. Narrar é primordialmente conhecer. Narrativa – é um método de recapitulação da experiência passada que consiste em fazer corresponder a uma sequência de eventos (supostamente) reais uma sequência idêntica de proposições verbais – Labov. As narrativas fazem parte da nossa estrutura individual e social. A narrativa é uma representação de um acontecimento. Qualquer representação é já uma interpretação. O acontecimento é uma transformação, uma passagem de um estado S para um estado S’. Uma transformação inscreve-se numa sucessão temporal, no qual o conteúdo de uma situação inicial chega a uma situação final convertido em algo diferente. Para Carlos Reis, as dominantes que caracterizam o processo narrativo são: distanciamento, exteriorização e dinâmica temporal. O processo narrativo funda-se numa atitude de variável distanciamento assumido por um narrador em relação àquilo que narra, assim se instituindo uma alteridadade mais ou menos radical entre o sujeito que narra e o objecto do relato. O processo narrativo revela uma tendência para a exteriorização responsável não só pela caracterização e descrição de um universo autónomo (personagens, espaços, eventos), mas também pela tentativa não raro assumida pelo narrador de adoptar uma atitude neutra perante esse universo; O processo narrativo instaura uma dinâmica temporal, imposta desde logo pelo devir cronológico em princípio inerente à história relatada, e em seguida instância perfilhada também pelo discurso, uma vez que o acto de contar não só tenta representar essa temporalidade, como se inscreve ele próprio, no tempo.

Narrativas literárias –