narrativa
Como a pesquisa, em desenvolvimento, se conjuga a uma narrativa feminina do fim do séc. XIX e princípio do séc. XX. Na longínqua Sardegna muitos problemas explodiram em ilha tão avessa às mudanças da tradição. Grazia Deledda, ganhadora do Nobel de Literatura (1926), atrevera-se a furar o “cerchio” familiar e, assim, se tornara conhecida publicamente, através de sua produção literária. A crítica machista de então foi quase unânime no repúdio à escritora sarda que com apenas estudos primários e leituras assistemáticas de romances europeus conseguira tornar-se conhecida também fora da Itália. Grazia Deledda escreveu uma obra gigantesca e prosseguiu sempre em leve constatação e, algumas vezes, em amargas contestações a trajetória e a vitória da tradição obedecida e fossilizada na ilha marginalizada.
Na minha tese de Doutorado sofri “por tabela” essa discriminação e, lembro-me bem, fui até aconselhada a trabalhar Deledda como verista ou decadentista. A minha proposta, todavia, era outra: caminhar com Deledda a sua narrativa doída, intimista, atraída pela utopia do eterno ao “Paraíso terrestre”, sua Nuoro, distante agora que morava em Roma. Trabalhei as obras Canne al Vento, La madre e Cosima, tendo como confluência Pane casalingo, escrito no Corriere della Sera em janeiro de 1936, alguns meses antes de sua morte.
No início da proposta de pesquisa (janeiro de 1991 e respostas em outubro do mesmo ano), conforme relatório enviado, as releituras dos romances Cenere, La chiesa della solitudine, Lédera, principalmente o último, levaram-me a questionar a culpa como problema fundamental no esclarecimento das aparentes antíteses “deleddianas”: morte