Mundo Singular Entenda o Autismo Casos Clinicos
Para todos aqueles com traços ou diagnóstico de autismo, uma coisa é universal: o contato social é sempre prejudicado. Não, necessariamente, porque estão desinteressados, mas porque não sabem e não aprenderam a arte de interagir e manter vínculos. A mãe de Pedro, dona de uma loja de sapatos, gostava muito de levá-lo para o trabalho no período da tarde, Suas clientes conheciam bem o garoto e, a todo momento, levavam para ele doces e balas. D. Maria começou a perceber que seu filho ficava muito feliz com as visitas, pois sempre que elas chegavam Pedro corria para recebê-las, A pergunta era sempre a mesma: "O que você trouxe para mim hoje, tia?" Ele pegava as guloseimas e saía correndo. Gostava de brincar no estoque da loja, que ficava embaixo de uma escada, e sua maior diversão era empilhar caixas, Algumas mães, também lojistas da região, levavam seus filhos para as lojas, Pedro olhava pela fresta da porta e, quanto mais crianças apareciam na frente da loja, mais parecia se esconder atrás das caixas, O contato que Pedro tinha com as clientes da loja era melhor do que com as próprias crianças, fato que sua mãe não conseguia entender, A brincadeira de empilhar parecia muito mais divertida, pois ele passava tardes inteiras entretido nessa arte. Depois da pilha feita, Pedro as desmontava e tornava a empilhar. A mãe sempre dizia que ele tinha dificuldades de manter amizades com as crianças da mesma idade. Na saída da escola estava sempre sozinho e, em casa, sua maior diversão era enfileirar os antigos soldadinhos de chumbo do seu pai. As crianças com autismo não escolhem ficar sozinhas, mas a falta de habilidades sociais as mantém distantes das outras, entretidas no seu mundo, sem demonstrar desconforto. Elas são bem diferentes de crianças tímidas, que não conseguem ficar com o grupo por vergonha, mas observam de longe seus coleguinhas, com nítida vontade de serem aceitas e de participarem das brincadeiras. A professora Beth, estagiária