mito e religião
“(...) rejeição da mitologia repousa num preconceito anti-intelectualista em matéria religiosa.”
“(...) apaga a distância que separa os deuses dos homens, os homens dos animais.”
“O vegetarianismo contradiz aquilo mesmo que o sacrifício implicava: a existência de um fosso intransponível entre homens e deuses, até no ritual que os poe em comunicação”.
Síntese
Um dos pontos recorrentes no livro é que além das mudanças do politeísmo para o monoteísmo, talvez a mudança mais fundamental que ocorreu entre o paganismo e as religiões monoteístas atuais é a da forma como a religião atuava nos meios político, social, econômico e cultural. Na Grécia antiga não havia oposição entre o natural e o sobrenatural, entre o divino e o mundano. A vida religiosa estava presente em todos os momentos, assim como os aspectos políticos, sociais, econômicos e culturais estavam presentes na vida religiosa: “A religião grega não constitui um setor à parte, encerrado nos seus próprios limites e que viria superpor-se à vida familiar, profissional, política ou de lazer, sem se confundir com ela.”
Algumas religiões contemporâneas tentam levar o religioso para todas as esferas do cotidiano, mas como o contrário não ocorre não podemos falar de uma semelhança com a religião grega da antiguidade.
A religião grega alicerça-se, ou caracteriza-se em alguns casos, normalmente por elementos que se constituem em três variáveis. O primeiro que abordaremos trata das diferentes formas de expressão da religiosidade grega: o mito, o ritual e as figuras dos deuses.
Muitos teóricos do século XX – alguns citados pelo autor – acreditavam (ou acreditam) que os mitos não possuíam nenhuma relação com a religião, sendo mero