Mimeses
Dentre os inúmeros versos que fizeram de Fernando Pessoa o maior nome da literatura em língua portuguesa no século XX, está o da “Autopsicografia”: O título do poema é oportuno por dois motivos: primeiro por sintetizar, de maneira clara e sintaticamente simples, todo o processo da criação literária tal como ocorre no poeta – a figura capaz de criar novas realidades a partir do Real. A discussão sobre o que vem a ser o Real e, por sua vez, o que vem a ser a criação de uma “nova realidade”. É quando o conceito de Mimesi ganha vida nos poemas analisados.
Em “Procura da poesia” o poeta Carlos Drummond de Andrade, refere-se à matéria da própria poesia, onde procura deve começar dentro de nós mesmo, a partir da consciência das primeiras letras o ato de escrever torna-se e deve ser encarado como uma atividade que seja constante.
Entendendo a literariedade como as características formais que fazem com que um texto seja tido como literário, em detrimento dos demais textos produzidos cotidianamente com outros fins, podemos perceber desde o início que em “O último poema” de Manoel Bandeira, trata-se de um texto poético literário. Além disso, comparando um texto ao outro, porém de autores diferentes, poderemos ver que a literariedade (ou seja, aspectos formais próprios do texto literário) nos é útil também para diferenciar uma seqüência meramente narrativa, de uma seqüência poética (mesmo que esta narrativa esteja posta em versos).
No entanto, para nós, a palavra imitar traz consigo um sentido pejorativo, afinal quase todos pretendem ser originais e criativos em nossa época, e isto era, sem sombra de dúvidas, um imperativo no século XIX. Contudo, para os antigos, originalidade era uma possibilidade, talvez, apenas divina, a partir do momento que a origem é tudo aquilo que nada há antes. Dessa forma, aos deuses caberia a