Mimese e Verossimilhança em Fahrenheit 451
Comunicação e Literatura - Fahrenheit 451 e a Poética de Aristóteles
Em sua obra “Poética”, Aristóteles atribui dois significados a mimese: o de imitação (mais especificamente, a imitação da natureza como objeto, fenômenos ou processos) e o de representação. Ele argumenta que a poesia é mimética no sentido em que ela cria uma representação de objetos e eventos no mundo, ao contrário da filosofia, por exemplo, que apresenta ideias. Seres humanos são naturalmente atraídos por imitações e, portanto, a poesia tem um enorme efeito em nós. Ela pode também ser uma excelente ferramenta de aprendizagem, já que podemos calmamente observar imitações de coisas como cadáveres e animais nojentos, quando a coisa real nos perturbaria.
A mimese funciona de tal forma que, quando vemos uma peça teatral, por exemplo, e ocorre um assassinato, não temos o impulso de ligar para a polícia. Isso porque sabemos que não estamos vendo um evento real, mas sim uma representação de possibilidades reais. E graças ao certo distanciamento possibilitado pela arte, é possível refletir sobre a experiência e aprender com ela. Testemunhar um assassinato na vida real é algo emocionalmente traumático, mas testemunhar um assassinato em um palco teatral nos possibilita refletir na natureza e nas causas da violência humana.
Aristóteles considerava fundamental esse distanciamento, pois podemos obter conhecimento e consolo de tragédias porque elas não acontecem conosco. Sem ele, a tragédia não poderia provocar catarse. No entanto, ele afirma ser igualmente importante que a audiência se identifique com os personagens e com os eventos presentes no texto, pois caso contrário, ela não será afetada.
Outro conceito abordado por Aristóteles é o de verossimilhança, que diz respeito àquilo que é possível, que é semelhante à verdade. Existe verossimilhança interna e verossimilhança externa. Esta se refere a coisas que são condizentes com a realidade do leitor e