Metodo historico
O conceito de evento, entretanto, traz consigo uma questão interessante que é o modo como o entendemos na atuação terapêutica. Há uma defasagem entre a experiência vivida (o evento propriamente dito) e a reflexão sobre ela.
Só apreendemos um evento através de documentos, de indícios, o que cria possibilidade de múltiplas interpretações de um mesmo fato histórico.
"Por essência, a história é conhecimento mediante documentos. Desse modo, a narração histórica situa-se para além de todos os documentos, já que nenhum deles pode ser o próprio evento; ela não é um documentário em fotomontagem e não mostra o passado ao 'vivo', como se você estivesse lá" (p.
12).
Surge, aí, um outro paralelo: quando uso o RPHP, lanço mão de vários tipos de documentos e , através deles, procuro ir além desses dados estáticos em busca de algo que tais indícios nos apontam. Assim, a proposta de caminhar através do tempo, em busca de dados significativos, que nossa memória reserva no mais recôndito de si, é, como costumo dizer, um 'catar pedras', é um caminhar sem direção prévia, ir, abandonar-se.
Também quando peço aos clientes que peguem seus álbuns de fotografia, objetos antigos que a família ainda guarda, e que pertenceram a eles, estamos tentando resgatar documentos concretos do passado. Entretanto, o que pretendo com isso é ter somente pontos de partida, pontos de desencadeamento de lembranças, uma maneira de dar concretude a sentimentos, emoções, vivências, que foram experimentadas.
Sei que não teremos condições de 'viver' novamente o passado, e até acredito que, mesmo se isso pudesse acontecer, tal 'revivência', de pouca coisa nos serviria (a mim e ao cliente). O que me importa, realmente, é tornar o passado o mais claro possível, o mais compreensível possível, de modo que o presente receba igual clareza, beneficie-se com a novidade que surge a