Memórias Póstumas de Brás Cubas
1. Sobre a utilização do foco narrativo em 1ª pessoa em Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Alfredo Bosi afirma:
“Quando o romancista assumiu, naquele livro capital, o foco narrativo, na verdade passou ao defunto-autor Machado-Brás Cubas delegação para exibir, com o despejo dos que já nada mais temem, as peças de cinismo e indiferença com que via montada a história dos homens. A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. O que restou foram as memórias de um homem igual a tantos outros, o cauto e desfrutador Brás C ubás.” (BOSI, p. 177)
A partir destas considerações, comente como o narrador Brás Cubas retrata e encarna em si os valores sociais de sua época. Para responder a esta questão, é preciso apresentar o caráter de Brás Cubas e a maneira como ele se relaciona com o meio social. Para isso, selecione e transcreva cenas ou comentários de Brás Cubas para embasar sua argumentação.
(em torno de 15 linhas)
Brás Cubas por ser o autor-defunto, toma a obra para si ao assiná-la, e liberta-se da tutela do autor para criar vida, ganhando uma independência dentro da obra, fato que permitiu ao narrador fazer seu relato como desejar. O defunto reconta a própria vida, do fim para o começo, num relato marcado pela franqueza. "Falo sem temer mais nada", diz o morto.
Já morto o narrador julga o seu personagem, ou seja, ele mesmo já que agora ele pode ser mais critico a seu respeito, como reprovar atitudes do jovem Brás, chegando a caracterizá-lo como “um fiel compêndio de trivialidade e presunção”. O personagem Brás Cubas possui um caráter fútil, cultivado desde a infância, pois foi educado cheio de mimos e regalias, o garoto tinha como “brinquedo” de