Memória e Cultura Material - Ulpiano
Documentos Pessoais no Espaço Público
Ul piano T. Bezerra de Meneses
Não é prioridade deste texto discutir a natureza e alcance da cultura material como fonte para o conhecimento histórico. Seria um empreendimento de largo fôlego, sobretudo à vista do desinteresse que a história ainda manifesta por esse domínio, mesmo acreditando, ilusoriamente, ter-se dele aproximado
(para caracterizar, nos avanços e incompreensões, a postura do historiador a respeito, sugiro a leitura, por exemplo, de Poulot, 1997). Nem examinar, nessa ótica, o que sejam coleção ou colecionismo e suas dimensões psicológicas, sociológicas, antropológicas ou históricas - temas, aliás, que já contam com farta e diversificada bibliografia (Baudrillard, 1968; Pomian, 1984; Pearce, 1995, 1998;
Elsner & Cardinal, 1994; Belk, 1995 etc.). Antes, o objetivo é ater-me à problemática proposta pelo título deste artigo e indagar o que ocorre no deslo camento de objetos e coleções do campo pessoal para o público e que implicações
Nota: As presentes reflexões surgiram originariamente como comentários às exposições de Maria Madalena
M. Machado Garcia c Conlardo Calligaris, na sessão reservada ao lema Documentos pessoais no espaço público do Seminário Internacional sobre Arquivos Pessoais, Rio/São Paulo, CPDOC/FGV-IEB/USp, 1997. Embora se tenham mantido algumas questões gerais levantadas por ambos os tex(Os, a referência direta a eles foi aqui substituida por um tratamentO mais autônomo dos problemas que julguei pertinentes.
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estudos históricos. 1998 - 21
precisariam ser consideradas no que diz respeito à pesquisa histórica. Por certo, nesse rumo, não poderei dispensar-me, inicialmente, de tocar em questões de base, conceituais ou teóricas, sobre algumas características genéricas dos objetos materiais, principalmente quando mobilizados como documentos.
Premissas
A bibliografia recente sobre memória tem investigado de maneira frag l mentária e