Memória coletiva
Desenvolvimento
O conceito de memória e a maneira como nós a usamos para conhecer/reconhecer nosso passado vem sendo estudado por acadêmicos de várias áreas a bastante tempo. Este conceito vem se modificando e se adequando a novas funções dentro das ciências sociais e nas sociedades humanas diversas.
Para Henry Bergson na realidade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças, entendendo a percepção como o resultado de uma interação do ambiente com o sistema nervoso humano. Para ele a memória podia ser entendida por dois movimentos distintos, o que ele denominava de “memória-hábito”: o corpo guarda esquemas de comportamento de que se vale muitas vezes automaticamente na sua ação sobre as coisas. Ela é adquirida pelo esforço da atenção e pela repetição de gestos ou palavras, além de ser um processo que se dá pelas exigências da socialização, escrever, falar língua estrangeira, dirigir, costurar, digitar - ações que fazem parte do nosso acervo cultural.
Os estudos sobre a memória englobam os conceitos de retenção, esquecimento e seleção. Mesmo tendo início a partir de estímulos totalmente diferentes, a memória é sempre uma construção feita no presente a partir de vivências e experiências ocorridas no passado. Nas ciências sociais encontraremos estudos que relacionam tanto a memória individual quanto a memória coletiva ao meio social, fundamentais para o nosso trabalho, em que se articulam os relatos coletivos à memória de um determinado lugar.
Maurice Halbwachs (1990) contribuiu para a compreensão dos quadros sociais que compõem a memória. A memória mesmo sendo gerada individualmente ela remete a um determinado grupo. O individuo carrega dentro de si uma lembrança, mas sempre está interagindo com a sociedade, seus grupos e instituições. São dentro dessas relações múltiplas que construímos as nossas lembranças. O redescobrimento do passado pela memória individual se faz na composição e nas diferentes camadas das memórias