Medicalizaçao
Alex Correa Lucas[1]
Nota-se atualmente um grande aumento no interesse pela medicina alternativa, contudo que estratégias se encontram neste tipo de discurso da saúde? Qual a alternativa que nos é oferecida? Situaremos o fenômeno discursivo da medicina alternativa, sua influência no discurso da saúde e, as estratégias da sua transformação em medicina complementar. Mostraremos que ao contrário do discurso prevalente na nossa sociedade as medicinas alternativas são estratégias de uma medicalização mais abrangente. Sem nos dar alternativa medicaliza-se corpo e alma. Se o domínio da medicina e a doença tornaram-se um espaço privilegiado para o desenvolvimento e a fabricação de si mesmo, ao contrário do discurso prevalente na nossa sociedade, as medicinas alternativas são estratégias de uma medicalização mais abrangente. Para entender estas estratégias, explicamos a função da medicina como articuladora entre a disciplina e a governabilidade, a ponte de ligação entre o discurso do biopoder e os dos corpos úteis.
Palavras Chave:
1. DICIPLINA
Nota-se uma semelhança na descrição da hidroterapia descrita e o regulamento da casa dos jovens detentos redigido por Leon Faucher, incluído em Vigiar e Punir (Foucault2006b, p10), como exemplo de suplício e utilização do tempo. “A medicina é um saber-poder que incide ao mesmo tempo sobre o corpo e a população, sobre o organismo e sobre os processos biológicos e que vai, portanto, ter efeitos disciplinares e efeitos reguladores.” (FOUCAULT, 1999, p. 302)
Veremos que esta semelhança não é gratuita. Se ali os exemplos eram para demonstrar que o suplício do corpo foi abandonado, modernamente, pelo suplício da alma queremos sugerir que a medicalização, sem abdicar do corpo, campo da medicina tradicional, irá apropriar-se da alma via medicinas complementares ou alternativas. A sociedade disciplinar (FOUCAULT, 2006b, p.173;179) irá receber a medicalização