Me efetivando apenas
Waldir Quadros
Texto para Discussão. IE/UNICAMP
n. 151, nov. 2008.
ISSN 0103-9466
Estratificação social no Brasil: o “efeito demográfico”1
Waldir Quadros 2
Apresentação
Durante a elaboração de minha tese de livre docência no Instituto de
Economia da Unicamp3 me debati por um bom tempo com uma aparente inconsistência entre as evoluções da estratificação dos indivíduos ocupados (ou com rendimentos declarados à PNAD) e de uma determinada estratificação familiar (ou da população). Como é usual, adotamos linhas fixas (ao longo do tempo) de rendimentos médios como critério para a estratificação individual, obtendo a evolução apresentada na Tabela 1.4
Buscando estabelecer uma interlocução com alguns outros estudos correlatos, adotamos o mesmo procedimento para a estratificação familiar, definindo linhas fixas de rendimentos familiares per capita5 e obtendo a evolução apresentada na Tabela 2.
Comparando-se as duas tabelas, ressalta a disparidade entre as imagens resultantes da evolução social. De fato, se focarmos na alta e média classe média a estratificação individual aponta para uma estagnação ou leve declínio de suas participações na estrutura social. Já na estratificação familiar a tendência é oposta, com expansão destas camadas sociais melhor situadas na estrutura social.
No extremo oposto, a evolução dos miseráveis também é conflitante: cresce sua participação (ou se mantém num patamar elevado) na estrutura individual (até
(1) Este trabalho complementa a metodologia de estratificação social apresentada no Texto para
Discussão, n. 147. Veja Quadros (2008).
(2) Professor colaborador do Cesit – Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho e do
IE/Unicamp. Nossos agradecimentos à colaboração do pesquisador do Cesit, Dr. Alexandre Gori Maia.
(3) Cf. Quadros (2003).
(4) Para compatibilizar a série de dados não foi incluído o Norte rural, contemplado pela PNAD a
partir