Mais humano que o humano.

O CORPO DA MENTE

Mais humano do que o humano, em uma tradução livre, esta é a noção que circula durante toda apresentação do primeiro episódio da série, How art made the world, ao se constatar que, através da mão do artista, o corpo humano chegou a alcances da perfeição, mesmo não sendo possível tal alcance na espécie de carne e osso. Partindo-se da ideia de que há uma propensão natural no cérebro humano em apreciar formas exageradas do corpo físico, através da representação artística, a série intenta, à luminosas pinceladas, responder a questionamentos do tipo: por que as imagens artísticas são tão belas? Ou melhor, por que assim são consideradas? Sem dúvida, tal resposta compreende não apenas um conhecimento relacionado às artes, mas também produz um saber mais aprofundado sobre o próprio ser. Ao tentar encontrar respostas relativas ao deslumbramento da gente em relação às artes, na série, o neurocientista, Prof. Romachandran, faz uma analogia esclarecedora entre o cérebro humano e o cérebro dos filhotes da gaivota por intermédio de um poderoso sensor presente nestes. O sensor gaivota consiste em, por estímulo visual - uma espécie de listra vermelha no bico da mãe - , provocar uma reação fisiológica nos filhotes das aves para que estes busquem no bico da mãe o alimento necessário para sua sobrevivência na fase inicial de suas vidas, uma vez que, nessas condições, não podem os mesmos caçá-lo. De certa forma, esse sensor estaria presente na mente humana, uma vez que é sabida a possibilidade da experiência estética a qual o ser humano desenvolve ao apreciar uma obra de arte. Teorias como essa talvez respondam porque a representação mais antiga que se tem do corpo humano, a Vênus de Willendorf, tenham traços como os seios, os quadris, o estômago exagerados e, por outro lado, braços praticamente inexistentes e rosto em uma configuração não natural. Especialistas acreditam que tais traços reforçados nessa pequena escultura dizem respeito aquilo que