Lírica de camoes
Camões foi um dos grandes poetas do Renascimento. No entanto, não pôs de lado a corrente tradicionalista, pois, formalmente, usou a redondilha maior (versos com 7 sílabas métricas) e a redondilha menor (versos com 5 sílabas métricas) e a estrutura estrófica da poesia palaciana. Quanto às temáticas destas composições temos: por um lado, a «fermosa» rapariga do meio rural que «descalça vai para a fonte», «não segura», possivelmente porque pretende aí encontrar-se, clandestinamente, com o seu amado; a rapariga, também do campo, que vai à fonte lavar a roupa, a jovem que chora a ausência do amigo e desabafa as suas mágoas à sua mãe, às amigas ou à natureza – estes temas são característicos das cantigas de amigo medievais; por outro, encontramos a submissão amorosa, por exemplo em «Endechas a Bárbara escrava», onde o poeta está «cativo» da «cativa» mulher com beleza exótica, ou em «Se Helena apartar», onde o sujeito poético está «posto em giolhos» perante a beleza sobrenatural dos olhos de Helena que transformam a «verdura», os «ventos», as «serras»…. (também em «verdes são os campos», os «gados» devem a verdura «bela» aos olhos da mulher). Estes últimos temas são herança do amor trovadoresco e palaciano. Mas Camões é, sobretudo, um poeta do Renascimento e, como tal, copia o modelo petrarquista. Assim, cantou o amor ideal que desperta no poeta sentimentos antitéticos de prazer e sofrimento, esperança e desespero… . A mulher amada representa o ideal de beleza e perfeição. Tal acontece em «Um olhar d’olhos brando e piedoso» e «Ondados fios de ouro reluzente» , onde a figura feminina é divinizada, pois o seu retrato corresponde a um modelo de beleza tão perfeito que só pode ser entendido como idealização. O poema é o retrato da beleza feminina.
Como Petrarca, Camões retratou o amor e definiu-o como um sentimento paradoxal em «amor é fogo que arde sem se ver». O amor foi cantado como um sentimento ideal e «inumano» . Por vezes, nos poemas de