Lirica de camoes
Dezembro 2009
Lírica camoniana
A lírica é auto-confessional e o amor é sempre o motor para o aperfeiçoamento do poeta. O amor consubstancia-se na imagem luminosa de uma mulher. Os Lusíadas são narrativa e alegoria, seguindo-se um determinado caminho chega-se à divindade, à mulher, ao possuir da mulher, a lírica nunca chega lá mas apenas ao encontro final do espírito. A lírica como discurso do eu é muito mais confessional e intimista em relação à epopeia, daí a possibilidade da construção que não é tão utópica e distante como na lírica.
Na lírica camoniana coexiste a poética tradicional e o estilo renascentista.
Características da corrente tradicional
As formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas...
Uso da medida velha: redondilha menor e maior.
Temas tradicionais e populares; a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o amor simples e natural; a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; o ambiente cortesão com as suas “cousas de folgar” e as futilidades; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena (a “Barbara, escrava”); a infelicidade presente e a felicidade passada.
Características da corrente renascentista
O estilo novo: soneto, canção, écloga, ode, entre outros.
Medida nova: decassílabos.
O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano;
A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à Natureza (“locus amenus”), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior), representado pelo modelo de Laura e o modelo renascentista de Vénus.
Delimitação cronológica
A lírica camoniana insere-se na chamada época clássica da literatura portuguesa (1526, regresso de Sá de Miranda da sua viagem a Itália – inícios do