Luquet
Os quatro estágios do desenvolvimento gráfico, definidos por Luquet (1969), podem contribuir para a compreensão do educador e da família sobre os processos de desenvolvimento da criança. O primeiro é denominado de realismo fortuito, estágio esse que tem início por volta dos dois anos e subdivide-se em desenho involuntário e voluntário. No primeiro, a criança desenha linhas, uma vez que ainda não tem consciência de que o conjunto delas passa a representar objetos e não atribui significado a seus grafismos, mas o faz pelo prazer em repetir os gestos em função da atividade motora adquirida. No segundo, a criança desenha sem intenção, porém, percebe semelhanças entre seus traçados e um objeto real, considerando-o de acordo com sua semelhança. Em seguida surge a intenção, o desejo consciente de desenhar alguma coisa. Entretanto, a interpretação do desenho para a criança pode modificar-se de acordo com os significantes atribuídos por ela.
O segundo estágio denomina-se de realismo falhado ou incapacidade sintética – nesse estágio a criança se preocupa em representar cada objeto de forma diferenciada, não integra o que desenha num conjunto coerente e exagera ou omite partes, por considerar, apenas, o seu ponto de vista. Nessa etapa de vida, “a criança não tem a simultaneidade das ações em pensamento, ela as considera como independentes umas das outras, sem estarem coordenadas num todo