Livre Arbítrio - Um Escravo
Por Charles Haddon Spurgeon
«E não quereis vir a mim para terdes vida» (João 5.40 - ACF) Introdução
Este texto é uma das grandes armas dos arminianos, montada no topo de suas muralhas, e é frequentemente descarregada com terrível barulho contra os pobres cristãoschamados calvinistas. Pretendo esta manhã bloquear esta arma, ou melhor, vira-la contra os opositores, porque ela nunca foi deles; não foi fundida na forja deles, mas foi planejada para ensinar uma doutrina exatamente oposta à que eles sustentam. Geralmente, quando este texto é utilizado, suas divisões são: Primeiro, que o homem tem uma vontade. Segundo, que ele é inteiramente livre. Terceiro, que os homens podem, por sua própria vontade, desejar vir a Cristo, caso contrário não serão salvos. Hoje, não utilizaremos tais divisões; mas nos empenharemos em dar uma olhada cuidadosa no texto; e não pelo simples fato de haver nele a palavra "querer" ou "não querer", nós sairemos com a conclusão de que ele ensina a doutrina do livre-arbítrio. Já foi provado além de qualquer controvérsia que o livre-arbítrio é um absurdo. A liberdade não pode pertencer à vontade, mais do que a medição poderia pertencer à eletricidade. São coisas completamente diferentes. Em livre-agência nós podemos crer, mas livre-arbítrio é simplesmente absurdo. É bem sabido por todos, que a vontade é direcionada pelo entendimento, movida por motivos, guiada por outras partes da alma, e é tida como algo secundário. A filosofia e a religião descartam de todo a idéia de livre-arbítrio; e vou tão longe quanto Martinho Lutero foi, em sua firme afirmação, quando diz que: “se algum homem atribuir qualquer parte da salvação, mesmo a menor parte dela, ao livre-arbítrio do homem, ele nada sabe sobre a graça, e não conheceu a Jesus Cristo corretamente”. Esta pode parecer uma opinião rude; mas aquele que em sua alma crê que o homem vai, por sua própria vontade, voltar-se para Deus, não pode ter