Literatura e ideologia
Disciplina: Literatura Brasileira
LITERATURA E IDEOLOGIA
A palavra do escritor tem força porque brota de uma situação de não força. Não fala desde o Palácio Nacional, a tribuna popular ou o s escritórios do Comitê Central. Não trata em nome da Nação, de classe operária, da ladeia, das minorias étnicas, dos partidos. Não fala sequer em nome de si própria: a primeira coisa que faz um escritor verdadeiro é duvidar da sua própria existência. A Literatura começa quando alguém se pergunta: quem fala em mim quando falo? O poeta e o novelista projetam essa dúvida sobre a linguagem e por isso a criação literária e simultaneamente crítica da linguagem e crítica da própria literatura. A poesia é revelação porque é crítica: abre, descobre, põe a nu o que está escondido – as paixões ocultas, a vertente noturna das coisas, o reverso dos signos. O político representa uma classe, um partido, uma nação; o escritor não representa a ninguém. A voz do político surge de um acordo tácito ou explícito entre seus representados; a voz do escritor nasce de um desacordo com o mundo ou consigo mesmo, sendo a expressão da vertigem que se desagrega. O escritor desenha com suas palavras uma falha, uma fenda. E descobre no rosto do Presidente, no César e no Pai do Povo, a mesma falha, a mesma fenda. A literatura desnuda os chefes de seu poder e assim os humaniza. Devolve-os à sua imoralidade que também é nossa.
(OCTÁVIO Paz. “ O escritor e apolítica”. Caderno de Opinião, nº 1, Rio de Janeiro: Ed. Inúbia)
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
1º) O que é Literatura?
2º) O que mobiliza a criação literária?
3º) Se o escritor não fala em nome de nenhum ser, de nenhuma instituição ou de nenhuma sociedade. De onde fala o escritor?
4º) O que se pode dizer com relação a este período “”A literatura desnuda os chefes de seu poder e assim os