Literatura e Ensino
Joice Taú, UFSC1
A literatura é uma arte que tem um papel de destaque na sociedade, devido a sua presença em todos os estágios da vida escolar, ora como exercício da imaginação, ora como leitura obrigatória para o vestibular. Há um senso comum de que o ensino de literatura é fundamental para a formação de indivíduos críticos. Porém, o que vemos na sala de aula, e na sociedade em geral, é que a literatura tem uma baixa participação na vida fora da escola. O ensino da literatura é desafiador, pois, para isso é preciso (re)conhecer a sua importância histórico-social, e os tipos de saberes aos quais ela pode se relacionar. O ensino da literatura, portanto, tem que ser amplo como essa arte, que abrange diferentes saberes em uma única obra. Esta é a primeira dificuldade de trabalhar a literatura em sala de aula, assumi-la como instrumento de conhecimento em diferentes áreas.
A literatura assume muitos saberes. Num romance como Robinson Crusoé, há um saber histórico, geográfico, social (colonial), técnico, botânico, antropológico (Robinson passa da natureza à cultura). Se, por não sei que excesso de socialismo ou de barbárie, todas as nossas disciplinas devessem ser expulsas do ensino, exceto uma, é a disciplina literária que devia ser salva, pois todas as ciências estão presentes no monumento literário. (BARTHES, 1997)
Nessa perspectiva, a literatura apresenta uma particularidade de abertura, pois promove o cruzamento com outras formas de arte ou conhecimento, é por isso que Barthes classifica-a como a mais importante das disciplinas. Na sociedade moderna - período pós III Revolução Industrial, o processo mais recente de transformações dinâmicas dos sistemas produtivos - os grandes clássicos da literatura estão sendo, cada vez mais, deixados de lado pelos estudantes, em troca de novos produtos da indústria cultural. Esses produtos variam desde a literatura mainstream, até uma rede social ou um