Linguagem da Visão
Jorge Bacelar
Universidade da Beira Interior
A ideia de design deveria ser entendida não como um catálogo de estilos ou como um cânone de regras formais, mas como um empreendimento complexo que integra os domínios da política, da economia e da cultura. O renovado interesse na História1 desencadeou a emergência do interesse pela teoria, o desejo de identificar os princípios gerais que condicionam e enformam a prática do design. O corpo teórico estabelecido com a tradição pedagógica do modernismo tem sido intrinsecamente hostil a uma abordagem histórica ao design gráfico: no design, tal como na arquitectura ou nas belas artes, qualquer movimento dirigido à obtenção de uma maior consciência histórica, é considerado uma tentativa de revisão do modernismo e, como tal, um alvo a abater.
O design gráfico institui-se como disciplina autónoma a partir dos movimentos de arte modernos dos anos 20, vindo a consolidarse como profissão nos últimos 60 anos. As suas bases teóricas provêm dos movimentos e organizações de vanguarda, como o
Construtivismo, de Stijl e a Bauhaus. Após a II Guerra Mundial, as práticas e o pensamento crítico destes movimentos foram
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Dezembro de 1998
"(...) Outrora, ’factos históricos’ eram só as acções dos chefes políticos, dos génios ou dos heróis. Desde que a história da humanidade se alargou, tudo tem dimensão histórica: desde a forma de enterrar os mortos até à concepção do corpo, desde a sexualidade até à paisagem, desde o clima até à demografia.(...)"MATTOSO, J., p.17
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Jorge Bacelar
adoptados, codificados e transpostos em norma pelas academias artísticas. Muitos textos produzidos ao longo da história da profissão reproduzem um núcleo de princípios teóricos baseados na pintura abstracta e na psicologia Gestalt. A Linguagem da Visão, de
Gyorgy Kepes (1944), Arte e Percepção Visual, de Rudolph Arnheim (1954) e Sintaxe da Comunicação Visual, de Donis Dondis
(1973), contêm e reproduzem todos os