LIDERANÇA
Érica Barreto Nobre
Aula Doutrina CFOE 2014 – 04/04/14
APRESENTAÇÃO
Depois de um árduo processo seletivo, finalmente, em 18 de abril de 1983, ao som do “Cisne Branco”, num arremedo de marcha e ainda em traje civil, adentrei pela primeira vez os muros do Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes da Marinha do Brasil (MB), matriculada no Curso de Adaptação ao Quadro Feminino de Oficiais, na condição de Guarda-Marinha. Àquela época pouca noção eu tinha do que significava tornar-se militar e o que eu de fato esperava da Marinha era que lá me dessem a oportunidade de exercer a única profissão que eu amava e na qual realmente me reconhecia: psicóloga. Segundo o antropólogo brasileiro Celso Castro: O “civil” é uma invenção dos militares. Não se seria “civil” a não ser diante de militares e quando por eles assim classificado. A dicotomia civil X militar não seria uma categoria natural de identidade para o cidadão comum, apenas para os militares. Assim, naquele momento, essa questão de identidade ainda não se colocava para mim. A Marinha representava apenas uma organização empregadora, talvez só temporariamente, onde eu poderia exercer a profissão de psicóloga. Entretanto, ao longo de minha carreira na MB, esta foi assumindo para mim um novo significado. Primeiro servindo no Serviço de Seleção do Pessoal da Marinha e, ainda lá, realizando pela MB o Mestrado em Psicologia Social com dissertação sobre liderança militar e, depois, servindo na Superintendência de Ensino da Escola Naval – estas três experiências exigiram de mim um profundo esforço de compreensão do “ser militar” e me conduziram a uma afetiva empatia com o universo militar e a uma consciente e madura identificação com a instituição Marinha do Brasil e com a profissão das armas, sem abrir mão do meu olhar primeiro de psicóloga, mas, pelo contrário, tentando sempre ocupar da melhor forma possível este lugar que a MB, por não negar e, sim, agregar os diversos saberes e