kaspar house
A família do guarda começa por ser o berço das suas primeiras relações sociais.
Curiosamente, é uma criança, o filho do guarda, Julius, que lhe dá a primeira lição de língua, segurando à frente de Kaspar um espelho para que possa ver as diferentes partes do corpo que vai enumerando. É também essa mesma família que o ensina a comer com faca e garfo e lhe dá o seu primeiro banho. Agnes, a filha do guarda procura ensinar-lhe uma cantilena, mas as rimas ainda são muito difíceis para Kaspar. De qualquer modo, o ritmo da cantilena aproxima Kaspar do seu mundo natural. Na cena seguinte, vê-se
Kaspar a brincar com um passarinho de uma forma tão natural que poder-se-ia dizer estar mais próximo do pássaro do que alguma vez conseguira estar com qualquer outro ser vivo. É significativo verificar que, dos seres humanos, eram as crianças que conseguiam chegar mais perto de Kaspar. Aquilo que Julius lhe havia ensinado acaba por ser assimilado ao ponto de Kaspar tentar ensinar as mesmas “habilidades” (andar e comer) a um gato com o qual compartilha da mesma proximidade que tem com o pássaro. Entretanto, os adultos continuam a analisar meticulosamente o estranho Kaspar. O relatório oficial que já havia sido começado no estábulo da Cavalaria evolui, constituindo um orgulho para o seu redactor, o escrivão.
4º Momento: O circo omeçando a ser um encargo para as autoridades, Kaspard acaba por ser reconhecido como não constituindo uma ameaça. É então que é enviado para um circo.
Aqui, Kaspar continua a ser vítima, mas desta vez de humilhação. É apresentado ao público como um dos enigmas universais. São eles, um anão, o pequeno rei, um personagem claramente infeliz, cuja pequenez é o estigma da sua anormalidade; a criança prodígio, o jovem Mozart, uma criança que aprendeu música mas que se recusou a ir à escola e que, por isso, foi marginalizada; o