justificação do inconsciente
"Ela [a suposição do inconsciente] é necessária porque os dados da consciência apresentam um número muito grande de lacunas; tanto nas pessoas sadias como nas doentes ocorrem com frequência atos psíquicos que só podem ser explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a consciência não oferece qualquer prova. (...) esses atos se enquadrarão numa ligação demonstrável, se interpolarmos entre eles os atos inconscientes sobre os quais estamos conjeturando. (...) a suposição da existência de um inconsciente nos possibilita a construção de uma norma bem sucedida, através da qual podemos exercer uma influência efetiva sobre o curso dos processos conscientes (...). (Freud, 1915a, p.192)." O determinismo psíquico orienta todo o raciocínio freudiano para chegar ao conceito de Inconsciente. Segundo este princípio, para todo evento há uma causa. Nada ocorre ao acaso. Se um evento parece ocorrer espontaneamente, isto se deve aos elos entre os eventos e pensamentos anteriores, ocultos no inconsciente. Sempre há uma conexão entre os pensamentos, e tal conexão pode ser explicada a partir da hipótese ou “suposição do inconsciente”. Como indicadores da existência do inconsciente, Freud cita os sonhos, os sintomas, a hipnose, as parapraxias entre outros. Dizia-nos em 1932, de forma bastante didática: "Denominamos inconsciente um processo psíquico cuja existência somos obrigados a supor — devido a algum motivo tal que o inferimos a partir de seus efeitos —, mas do qual nada sabemos. Nesse caso, temos para tal processo a mesma relação que temos com um processo psíquico de uma outra pessoa, exceto que, de fato, se trata de um processo nosso, mesmo. Se quisermos ser ainda mais corretos, modificaremos nossa assertiva dizendo que denominamos inconsciente um processo se somos obrigados a supor que ele está sendo ativado no momento, embora no momento não saibamos nada a seu respeito. Essa restrição faz-nos raciocinar que