Jongo

Liberdade e repetição.

Rio de Janeiro
2014

Me sinto muito ligada a qualquer expressão artística ou religiosa que venha da África, tenho uma grande admiração por tudo que venha de lá. Já conhecia o Jongo superficialmente, mas, no seminário uma das coisas que mais me chamou atenção foram as comunicações entre o ritmo da música e os movimentos dos dançarinos, os diálogos entre os dois, a repetição e a energia que se transforma quando o tambor começa a tocar e as pessoas começam a cantar e o respeito seja pela ancestralidade da dança ou de um com o outro. É muito legal ver o quão livre é a criação dos passos de dança ou do toque do tambor e toda essa liberdade entrando em harmonia dentro da roda. Conhecendo um pouco da história, sabemos que o Jongo foi criado para que os escravos pudessem conversar em suas línguas nativas, sem que os senhores deles entendessem e assim avisar de acontecimentos, combinar fugas e etc. A ideia de diálogo sempre esteve presente e é clara até hoje. O casal que dança no meio da roda está dialogando com o tambor e o tambor com o canto em uma repetição sempre livre, mas que ao recorrer do tempo se transforma em uma espécie de mantra.

MANTRA Etimologicamente, a palavra mantra é derivada de dois termos sânscritos. Man significa mente e Tra significa liberar, sendo assim, mantra significa “liberar a mente”. Um mantra pode ser a repetição de qualquer som, sílaba, ritmo, palavra, frase ou texto. No budismo ele faz parte da meditação, para eles cada mantra gera uma vibração especial que trabalha sobre aspectos concretos do nosso ser, na umbanda/candomblé o mantra pode ser encontrado no batuque dos atabaques e nos pontos entoados vibrando uma sintonia que se transforma em uma qualidade energética só encontrada lá. Mantra é a ponte para que a vibração do lugar seja modificada. As canções de uma roda de Jongo são versos bem simples e pequenos justamente para que possam ser repetidos pelas pessoas que estão em volta da