Jogos e bricadeiras na infancia
Eloisa Acires Candal Rocha
Com efeito, algumas plantinhas assemelham-se estranhamente à salsa e a cebolinhas mais que a flores. Todos os dias me vem a tentação de podá-las um pouco para ajudar a crescer, mas permaneço na dúvida entre as duas concepções de mundo e da educação: se deixar agir de acordo com Rousseau e deixar obrar a natureza que nunca se equivoca e é fundamentalmente boa ou ser voluntarista e forçar a natureza introduzindo na evolução a mão esperta do homem e o princípio da autoridade. (GRAMSCI, 1978, p.128)
Esta epígrafe expressa aquele que tem sido o dilema fundamental da pedagogia, associado, em essência, ao fato de ter a infância como objeto e a sociedade como meta. A intervenção pedagógica tem oscilado permanentemente entre o “desabrochar” de uma formação humana conduzida pela natureza, e a disciplinação e a conformação a regras e modos sociais dominantes, das quais resultam diferentes formas de transgressão. No âmago deste antagonismo, consolidam-se na pedagogia alternativas fundamentadas em projetos sociais utópicos que propõem relações educativas onde autonomia e coletividade ganham novas dimensões. É exatamente esta a reflexão que pretendo desenvolver neste trabalho, tomando como base o eixo dos temas do curso: “Teorias Sociais e Educação”, que buscou “discutir algumas teorias sociais e educacionais que criticaram aspectos “desumanizantes” da modernidade e, ao mesmo tempo, elaboraram possíveis alternativas”. Por outro lado, acredito que desvelar os desdobramentos da relação infância e pedagogia seja fundamental para aqueles que, como eu, atuam no campo da educação infantil (de crianças de 0 a 6 anos) e buscam melhor compreender as finalidades e a própria delimitação deste campo educativo.
ARROYO (1994), em recente trabalho apresentado no Seminário Nacional de Educação