introdução ao pensamento antropológico
Unidade III
7 DISCRIMINAÇÃO E DESIGUALDADE
7.1 Políticas públicas no Brasil atual
Dados sobre discriminação e desigualdade têm sido amplamente divulgados nos últimos anos, e a questão continua a intrigar pesquisadores, a dificultar ações de governantes e a assustar a sociedade civil. O Brasil conta com um dos mais equipados centros de pesquisa sobre desigualdade no mundo, o
Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA).
Na prática, são várias as divergências acerca da melhor solução para essas questões. É certo que, contra a desigualdade, se luta com distribuição, porém, existem inúmeras formas de partilhar renda e oportunidades. Uma das propostas são as chamadas políticas de ação afirmativa, também designadas como política de cotas.
Gostaríamos de esclarecer que, antes de assumir uma posição favorável ou contrária a essas políticas de redistribuição, é fundamental que nos empenhemos em conhecer e entender melhor o que elas são, sua história em nível mundial, as consequências de sua implementação em outros contextos e países e ainda conhecer o percurso assumido por algumas das polêmicas que têm suscitado. Relembrando as discussões levantadas na disciplina Homem e Sociedade, poderemos concluir que o relativismo cultural é ferramenta principal na dissimulação dessas questões relativas às ações afirmativas. Ele, conforme já visto, é uma ideologia político-social que defende a validade e a riqueza de todo sistema cultural existente.
O relativismo cultural defende que o bem e o mal, ou seja, que a ética, é relativa a cada cultura. O
“certo” corresponde ao que é “socialmente aprovado” num dado contexto.
Porém, se nos ativermos ao fato de que cada cultura é válida e verdadeira em si, como podemos pensar em mudanças em sociedades reprimidas e desiguais, tendo o relativismo em mente? É cabível refletir sobre mudança propriamente dita, dentro da vulgata relativista? Se considerarmos uma sociedade em que as mulheres são reprimidas,