Industria cultural nas telenovelas
Maria Teresa Cardoso de Campos*
Geralmente os estudos sobre o gênero “telenovela”, na área da
Comunicação Social, são realizados segundo os chamados “estudos de recepção”. Tais estudos têm como pressuposto que os meios de comunicação de massa não têm capacidade de manipular as pessoas e que a apreensão dos produtos da mídia não é uniforme. O receptor recebe as mensagens veiculadas pelos meios, interpretando-as de acordo com uma “competência cultural específica”. Assim, modos diferenciados de apreensão são possíveis em função dessa competência, a qual estabelece uma mediação entre os veículos e a recepção. Sexo, idade, nível sócio-econômico, de instrução, interações na família, trabalho e escola, o momento da recepção, o processo cognitivo individual, tudo isso influencia na apropriação dos conteúdos da mídia. (JACKS e RONSINI, in BRAGA, 1995, p.227).
Salientamos que, ao contrário dos “Estudos de recepção”, as análises dos filósofos da Escola de Frankfurt estão ancoradas na idéia de que os produtos da Indústria Cultural têm a capacidade de manipular a audiência.
Uma das conseqüências mais danosas do processo industrial da cultura é contribuir para a perda da autonomia do indivíduo, já que expropria dele a iniciativa de articulação crítica das impressões que recebe. Nas palavras dos pensadores, “a função que o esquematismo kantiano ainda atribuía ao sujeito, a saber, referir de antemão a multiplicidade sensível aos conceitos fundamentais, é tomada ao sujeito pela indústria. O esquematismo é o primeiro serviço prestado por ela ao cliente” (ADORNO e
HORKHEIMER, 1986, p.177).
Adorno é enfático ao dizer que essa indústria “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente” (ADORNO, in: COHN, 1987, p. 295) e, ao analisar a relação da televisão com a Indústria Cultural, o filósofo diz que esse veículo “leva adiante a tendência daquela, no sentido de