Independencia e Reforma
INDEPENDÊNCIA E REFORMA: TERMOS CONTRADITÓRIOS
NO MÉXICO DO SÉCULO XIX
Francisco Iran Monte Claudino Filho
RESUMO
Neste artigo, analisamos brevemente o contexto histórico do México pósindependência, levando em consideração as possíveis permanências e rupturas entre o território colonial e a nação agora livre da metrópole espanhola. Tomando por base ainda questões concernentes às esferas social, política e econômica que caracterizavam o país à época da Reforma dita Liberal, procuramos enquadrá-la no seu contexto histórico e analisá-la tendo por base que a sua aplicação não alcançou seus objetivos finais. Palavras-chave: Reforma, México, Conservadores, Liberais, Questão Fundiária.
INTRODUÇÃO
Considerando que a Independência, a Reforma e a Revolução são três momentos de um mesmo processo marcado por convulsões, enfrentamentos e disputas sociais, cabe aqui um pequeno esclarecimento do quadro mexicano pós-Independência antes de adentrarmos propriamente o tema da Reforma.
Saliente-se, antes de qualquer coisa, que o próprio processo de Independência no
México foi um movimento de caráter contraditório. As insurreições de caráter popular – índios, escravos, mestiços etc. – que primeiro se manifestaram por volta de 1810 contra o domínio colonial não encontraram meios de sobrepujar o poder material da política dominante, vinculada à Igreja, ao Exército e à oligarquia latifundiária, composição básica dos chamados Conservadores. Esses primeiros levantes careciam ainda de um programa planejado, que pudesse deixar claro os objetivos pelos quais se propunha a lutar. Miguel Hidalgo, mais destacada liderança desses primeiros movimentos, “ao convocar os índios e os castas oprimidos para uma revolta violenta, libertara forças que ele era incapaz de controlar e na verdade mal compreendia”.1
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Entretanto, com a ascensão de um governo liberal na Espanha, o quadro se altera, e o que antes era resistência à luta