IMAGEM PÚBLICA , INTIMIDADE E RELAÇÕES SOCIAIS EM "A Época da Inocência"
INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL
DEPARTAMENTO DE JORNALISMO
LILIAN DE F. SAPUCAHY DA SILVA
IMAGEM PÚBLICA , INTIMIDADE E RELAÇÕES SOCIAIS EM
Niterói
1997
I )
Introdução :
Nosso volume de “O Declínio do Homem Público” tem, logo nas primeiras páginas, uma observação anotada no canto da folha . Ela diz A Época da Inocência !! , assim mesmo, com pontos de exclamação. Foi esta a primeira imagem trazida à luz pela leitura e aquela que, ao longo dos capítulos, mais firmemente se fixou.
A obsessão pela imagem, a oposição família/sociedade, as aparições públicas tratadas com o preciosismo de joalheiro e até a atitude da platéia nas cenas de ópera materializavam diversos conceitos emitidos por Sennett com impressionante precisão .
Como todas as discussões que introduziram e encaminharam a apreciação dos textos em sala de aula foram largamente “ilustradas” com modelos cinematográficos, causou-nos estranheza o fato de que Martin Scorsese fosse tão absolutamente desprestigiado.
Sorte, pois tivemos assim preservado nosso objeto de trabalho! É dele, então, que falaremos. Não exatamente como obra de arte ( fotografia, técnicas de som, figurinos, etc) mas como uma provocação ao pensamento , uma dramatização privilegiada de determinada camada da sociedade norte-americana do séc XIX- a camada mais alta, aquela que não foi diretamente afetada pelas lojas de departamentos ou pelas máquinas de costura, mas na qual a questão da imagem atingiu um alto grau de exigência, um extremo rigor e peso normativo.
De que maneira discutiremos a questão da imagem no filme ?
Teríamos duas vertentes a escolher e - abusadamente - resolvemos ficar com as duas ...
Na primeira- que poderíamos chamar de externa, porque será como estar diante de uma vitrine - vamos procurar OLHAR : olhar aquele jogo de sinais, gestos, objetos, “hieroglifos sociais“, todas aquelas pessoas se