Homem natureza
Por Ana Cristina Camargo
" A ciência destruiu todas as ontogêneses míticas e filosóficas, rompendo a antiga aliança que unia o homem à natureza viva e carregada de significados. Restaria somente a ética do conhecimento fundada nos princípios da racionalidade e objetividade, comprovados pela física e pela biologia molecular."
Jacques Monod
Qualquer ação intencional ou relação entre sociedades e meio ambiente começa a partir de representações e idéias sobre a natureza, as quais são reflexo das condições materiais de produção (sistema econômico), do meio
(características locais como biodiversidade, localização geográfica, ocorrência de terremotos, acidentes geográficos , entre outros) e cultural (relação estabelecida com a natureza - dependência, domínio, apego), sendo necessário estudar e analisar o sistema de representações que indivíduos e grupos fazem de seu ambiente (THOMAS, 1988; ;PONS, 1993; DIEGUES, 1996). DIEGUES (1996) refere-se em sua obra a dois enfoques distintos presentes em movimentos ambientalistas, na análise da relação Homem-natureza: biocêntrico (ou ecocêntrico) e o antropocêntrico. O enfoque biocêntrico pretende ver o mundo natural em sua totalidade, onde o Homem estaria inserido como qualquer ser vivo. Nesta concepção, o Homem não teria o direito de dominar a natureza. O enfoque antropocêntrico opera na dicotomia entre Homem e natureza, onde o Homem tem direitos de controle e posse do ambiente, sobretudo por meio da ciência moderna e da tecnologia. Neste segundo enfoque, verifica-se que a natureza não possui valor em si, mas representa tão unicamente uma reserva de recursos naturais a serem explorados pelo Homem (DIEGUES, 1996). o
Esta dicotomia Homem-natureza, bem como enfoque antropocêntrico, teriam se agravado com a ciência moderna, a qual colocou a natureza numa posição de objeto do conhecimento empírico racional (DIEGUES, 1996). Segundo o autor, esta situação teria sido