Homem e natureza
O homem, assim como todos os animais, age sobre a natureza com o objetivo de obter alimento, abrigo e proteção para si e para seu grupo, ou melhor, para satisfazer necessidades. A diferença é que o homem pensa, reflete sobre sua ação: planeja, inventa, prevê resultados. Com isso, cria conhecimento, desenvolve a cultura.
Nos primórdios da humanidade, o homem pouco modificava a natureza, pois vivia da coleta, da caça e da pesca. Era muito subordinado às condições naturais, e tal ponto que em geral era nômade, pois andava de um lugar para outro à procura dos meios para sua sobrevivência.
A integração do homem à natureza era tão grande que ele não se sentia separado dela. Ao contrário, sentia-se parte do meio natural. Nessas condições, o trabalho era encarado com absoluta naturalidade: nada exaustivo e muitas vezes prazeroso.
Com o surgimento da agricultura e da pecuária, por ocasião da chamada revolução neolítica, o homem deixou de ser nômade, pois fixou-se à terra e, assim, tornou-se sedentário. Com isso, apropriou-se da natureza, passando a utilizá-la de acordo com seus interesses.
Desde então, a natureza tem sido cada vez mais modificada em suas condições originais. Em sua ação, o homem derruba florestas e semeia lavouras, remove morros e abre túneis, aterra enseadas e constrói cidades.
Ao se diversificar e intensificar, a ação humana exige um saber cada vez maior sobre a natureza, tanto em relação aos elementos que a constituem quanto aos mecanismos do seu funcionamento. Daí o avanço do conhecimento, que por sua vez alimenta a idéia, plantada desde a apropriação, de domínio do homem sobre a natureza.
Hoje em dia, essa idéia está consagrada pela maioria das pessoas, pois predomina entre nós uma concepção de mundo na qual homem e natureza estão desvinculados um do outro, absolutamente separados e contrapostos: o homem, dotado de inteligência, é capaz de dominar a natureza para dela retirar tudo o que necessita.