Histórias de Cozinha
A narrativa busca retratar a perspectiva positivista de metodologia científica, a observação distante do objeto por parte do pesquisador, que é colocado num pedestal de sabedoria. Nota-se essa metáfora representada no filme pela cadeira do observador, mais alta, distante e que só o observador autorizado poderia se sentar. Outro ato simbólico interessante apresentado no filme é o furo no teto, onde o observado conseguia observar seu observador, de um buraco estreito no teto, diferente da cadeira do pesquisador autorizado.
A partir daí a narrativa mostra como essa posição “neutra” e distante que o pesquisador toma de seu objeto de pesquisa tem suas falhas. Tratando o ser humano dessa forma ignoramos suas complexidades e imprevisibilidades. Além de utilizar o conhecimento como um pedestal que deixa o pesquisador “acima” dos outros. Esse distanciamento entre o pesquisador e seu objeto, quando se trata das interações e relações sociais faz com que o resultado perca em profundidade e pluralidade de visões. Como demonstrado no filme, alguns detalhes (o exemplo do telefone) só são perceptíveis e compreendidos através da aproximação.
Podemos perceber assim, como a teoria falsificacionista se aplica, acompanhando a teoria de forma a não formar uma “verdade absoluta”, e sim, analisando os resultados da pesquisa como falsos ou uma verdade não refutada. O pesquisador não deve agir para comprovar sua tese, ele deve acompanhar o processo para chegar até a verdade ou a uma tese falsa.
Através do filme, conseguimos perceber como o pesquisador pode agir ao analisar as relações sociais e como a metodologia aplicada pode influenciar no resultado final de sua pesquisa.