História do direito
SEM DIREITO A RESPOSTA: LIDANDO COM AS QUESTÕES
EXEGÉTICAS REFERENTES AO LIVRO DE JÓ
Daniel Santos Jr.*
RESUMO
O propósito deste artigo é fazer uma leitura do livro de Jó que leve em consideração tanto o seu prólogo quanto o seu epílogo. Segundo o autor, a contribuição que Jó tem trazido para a teologia e prática da igreja geralmente ignora a proposta central do livro. Seguindo a distinção sugerida por Kevin Vanhoozer entre uma leitura tênue e densa, o autor questiona a leitura seletiva e arbitrária de Jó que não consegue sincronizar o conteúdo do livro com a sua conclusão e introdução. A solução proposta neste artigo é de uma leitura que esteja atenta e respeite os níveis conclusivos da narrativa bíblica. O desafio oriundo desta proposta é ater-se àquelas perguntas que o autor do livro planejou responder, admitindo que nós, leitores, não temos o direito a todas as respostas.
PALAVRAS-CHAVE
Interpretação; Sofrimento de Jó; Leitura densa e tênue.
INTRODUÇÃO
Saber ler os grandiosos eventos da história da humanidade exige mais do que sinceridade ou sofisticação teológica. Primeiramente, faz-se necessário identificar o verdadeiro agente de tais atos e em seguida tentar entender o propósito deles. A receita parece simples até que o agente destes grandiosos atos de destruição seja identificado com o próprio Deus. A situação se agrava anda mais quando o agente identificado não se vê na obrigação de explicar o
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O autor é professor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, na área de Antigo
Testamento. Obteve seu mestrado (Th.M.) no Covenant Theological Seminary (2000) e seu doutorado
(Ph.D.) em Antigo Testamento na Trinity Evangelical Divinity School (2006).
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DANIEL SANTOS JR., LIDANDO COM AS QUESTÕES EXEGÉTICAS DO LIVRO DE JÓ
propósito de seus atos, deixando suas vítimas sem direito a resposta. A partir daí, o que parecia apenas um exercício descritivo e analítico se