Hist ria e Narrativa
As interfaces e a construção da verdade no discurso do Direito
Leonardo Mantovani
A questão da verdade é tema recorrente nos debates historiográficos. Afinal, a história teria a premissa de postular uma verdade absoluta? Qual a finalidade da construção da narrativa histórica? Estaria a história no limbo entre a ficção e a literatura?
Muitos desses questionamentos parecem ter sido superados pela historiografia contemporânea. A incerteza do termo aqui empregado explica-se porque, embora muitos desses motes tenham sido suplantados, via de regra, a questão da verdade volta à tona, em virtude das especificidades dessa ciência inexata.
Não obstante, é também interessante demarcar que o conceito de verdade tem a sua historicidade. De tempo em tempo, a verdade foi compreendida de forma diferente pelas correntes historiográficas. Positivistas, marxistas e partidários da história cultural pontuaram o que vinha a ser a sua verdade histórica, bem como a sua construção narrativa, cuja interface com o cinema e a literatura é também aqui objeto de análise.
Para os seguidores de Auguste Comte, que pretenderam imprimir a objetividade na ciência histórica, a verdade estava nos fatos, os quais poderiam ser comprovados pelos documentos. Documentos esses entendidos em seu sentido restrito, escrito e de cunho oficial. Ao estabelecer uma metodologia científica, pautada nos documentos como prova irrefutável, os positivistas acreditavam que poderiam construir uma verdadeira história.
Ainda no século XIX, o filósofo alemão Karl Marx lançou um olhar para história a fim de compreender a forma com que o homem transformava a natureza, as relações sociais de trabalho e o acúmulo de capital. O pensamento marxista centrou-se, sobretudo, no trabalho e a sua exploração pelo homem. A partir dessa análise, Marx ponderou que a luta de classes era a base da história, e essa era a sua verdade.
Não oponente às contribuições das correntes historiográficas