Hipótese
[O texto abaixo estava engavetado há um bom tempo porque eu nunca consegui "digeri-lo". Espero que alguém consiga.]
Tenho uma teoria: a hipótese é sempre nula. A problemática que a antecede não é um problema, ela já está resolvida em si: houve um julgamento anterior, sem hipóteses ou experimentos, na medida em que chamamos isso de “problema”.
Disso decorre que quaisquer levantamentos, estatísticas ou citações não comprovam a existência de um problema – são desdobramentos meramente inferenciais da hipótese que supostamente fundamentam.
Nossa capacidade de raciocinar, nossa atitude cognoscente, coloca-nos numa posição privilegiada com relação aos objetos de estudo, sobretudo quando somos nós os objetos, fazendo-nos desprezar o que há por detrás de quem raciocina.
Mas o que há por detrás do raciocínio em si? O fantasma de um método morto? Eis um verdadeiro problema, diante do qual todo procedimento, uma hora ou outra, parece falhar.
Em Descartes e em todo o pensamento moderno, a dúvida metódica não passa de um truque homeopático que, em última instância, deseja acabar com a dúvida em si para chegar a uma certeza final. Então flagramo-nos viciados na racionalidade ao reconhecermos que toda ciência só é verdadeira se puder ser falseada. Depois concluímos que a ciência não é objetiva, mas baseada em paradigmas que se intercalam entre si de maneira culturalmente subjetiva.
Ou seja, novas hipóteses nulas que, por serem hipóteses, destinam-se à submissão de velhos procedimentos para colocá-las a prova. Fato é que nunca conseguimos deixar a razão de lado, mesmo quando percebemos que ela não é tão racional quanto parece – quando ironicamente a razão acaba enfatizando aspectos “humanos” imprecisos e incoerentes.
Contrários a este complexo de coerência e precisão (ou talvez sob outro prisma desse mesmo complexo), os designers, reles mortais em busca de uma