Gênero e sexualidade na educação infantil
Jane Felipe
Professora da Faculdade de Educação da UFRGS)
O conceito de infância concebido na atualidade passou por um longo processo de construção e elaboração, a partir de inúmeras teorias de diferentes campos do conhecimento, especialmente a partir dos séculos XVII e XVIII. Várias compreensões foram se delineando a partir de então, tanto na religião, quanto em outros campos de produção do conhecimento, tais como a medicina, a psicologia, o direito, a pedagogia e, mais recentemente, nas áreas da antropologia e das ciências sociais. Na contemporaneidade o conceito de infância já não corresponde a uma categoria estável, “natural” e homogênea. Sendo assim, podemos falar que existem inúmeras infâncias que estão em constante processo de transformação. Também podemos dizer que o conhecimento produzido sobre a infância a partir do século XVIII, suas características e necessidades, foi consolidando aos poucos a idéia da criança como sujeito de direitos, merecedora de dignidade e respeito, devendo ser preservada em sua integridade física e emocional. No século XIX foram criadas várias leis para garantir proteção e bem-estar à infância, que se consolidaram de modo mais expressivo no século XX. No Brasil, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente data de 1990. Desta forma, é possível afirmar que os significados em torno do conceito de infância podem variar de acordo com o tempo, a classe social, o gênero, a cultura, em que as crianças estão inseridas. Nas sociedades capitalistas, especialmente nos grandes centros urbanos, por exemplo, podemos observar que elas estão imersas numa cultura de avidez e pressa, pautadas pelo consumo desenfreado.
Um aspecto importante nesse processo de construção da infância consiste em analisar de que forma os materiais didáticos e para didáticos e outros