Guy Debord e a sociedade do espetáculo
O ponto de partida da obra de Guy Debord é uma crítica às imagens que tornam o homem passivo e acrítico, aceitando os valores impostos pelo sistema capitalista. O espetáculo é colocado por Debord como o princípio do fetichismo da mercadoria, em que o consumo não se dá somente pelo valor de uso, mas pela aparência da mercadoria e pelas ilusões que ela gera, dando uma falsa sensação de felicidade ao consumidor, em que o ”ser” perde espaço para o “ter”. Isso se concretiza quando Debord afirma que é através do espetáculo que se dá a construção das necessidades de consumo na sociedade, em que segundo ele, “O que é bom aparece, o que aparece é bom”.
Assim como Bourdieu, Debord considerou o mundo simbólico como uma instância, em que o comportamento e as ações do indivíduo são determinados pela classe que o mesmo está inserido, havendo diferenças e desigualdades sociais. Para Debord, a sociedade do espetáculo resulta do desenvolvimento dos meios de comunicação, como imprensa, rádio, televisão e cinema, sendo que nestes prevalece a indústria cultural, que se desenvolveu através desses meios e está voltada ao entretenimento, à informação e ao consumo de um amplo público.
O autor coloca que o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre as pessoas, mediada por imagens, ou seja, o consumo e a imagem ocupam o lugar que antes era do diálogo pessoal, através da TV e os outros meios de comunicação.
O espetáculo pode ser considerado o ápice do capitalismo na obra de Debord, quando ele coloca que “O espetáculo é o capital a tal grau de acumulação que se tornou imagem”, ou seja, o consumo é determinado pela aparência e não mais pela utilidade. Debord imagina uma sociedade em que as pessoas fossem livres e iguais, onde não houvesse relação assimétrica ou hierárquica com as demais pessoas. E sua obra vem como um alerta para o processo de subordinação ao mercado.